As coisas são, e quando se vê, não são mais.
A necessidade de o tempo passar, de o dia transgredir, de a superação acontecer,
leva com pressa o momento, coisa que não volta, que não volta porque não existe mais,
à partir do tempo "ser", foi-se.
Lembrança. Lastro do que ficou em nós, e amostra do que foi.
Não tem de volta, mas abastece. Lembrança é uma esmola do que foi. Uma migalha para saciar uma fissura sem tamanho, sem condição de dar conta.
E se volta? É outra coisa. Cópia barata do que foi. O verbo tem seu tempo, e não perdoa o que não é. Fica o que foi.
Ano, meses, semanas, dias. Talvez ainda ontem tenha sido aquela prece de bem querer.
Talvez ainda ontem a promessa de quem não tinha tanta fé, mas arranjou.
Talvez ontem a promessa de se eternizar em algumas vidas. A poesia produz tantos ingênuos.
E o tempo de poesia acabou. Engole o choro, apruma o corpo e segue. De vez em quando lhe é permito ouvir "Ouro de tolo" e se emocionar, contidamente, discretamente. Lhe é permitido ser, existir já é querer demais. Coloque-se no seu lugar.
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