Não entendo por que uma água mineral que não passa de R$ 2,00 pode custar R$ 3,85 em Porto Alegre, por exemplo. Como minha escala tinha uma parada de cerca de duas horas e já era quase hora do almoço, tinha decidido comer em Montevidéu, meu primeiro destino.
Embarcamos sem problemas. Levei esporro de uma policial federal, que disse que minha foto estava muito diferente e que não era para tirar foto de documento com cabelo raspado se não é assim que eu o mantenho. Baixei a cabeça e concordei. Embarcamos.
Durante a viagem dormi. Estava muito cansado por que tinha acordado de madrugada mas logo fui surpreendido por alguns buxixos. O tempo tinha fechado e os passageiros começaram a notar que teoricamente já devíamos ter pousado. De repente o comandante avisa que Montevidéu estava sobre péssimo tempo e que ficaríamos sobrevoando a cidade até uma possível permissão para pouso. A autorização não aconteceu. Depois de uns quarenta minutos voando em círculos, voltamos para Porto Alegre. No mesmo vôo tinha conexão de Belo Horizonte, de São Paulo, de Florianópolis e ainda quem embarcou em Porto Alegre. A Gol encaixou o pessoal de São Paulo no vôo seguinte para Montevidéu e nós sobramos. Deu muito bate boca, pessoas chorando, reclamando, ameaçando quebrar tudo e até ligaram para a imprensa, que não apareceu. A revolta do pessoal foi porque só seria possível embarcar de novo às 13:00 do dia seguinte.
Nessa confusão fui parar na Polícia Civil para fazer boletim de ocorrência, com fome e revoltado. Mas quase foi divertido. Conheci um grupo de Belo Horizonte super bacana e ficamos amigos de ocorrência. Parte deles desistiram da viagem e voltaram para BH, outros mudaram o destino e outros foram para o hotel para embarcar no dia seguinte. Eu, como estava sozinho, resolvi contar com a sorte e em vinte minutos estava fazendo meu check in para Buenos Aires. Comprei a última passagem e lá fui eu, já que a previsão é que eu fosse para lá uns dois dias depois.
Cheguei em Buenos Aires debaixo de uma tempestade de granizo, mas conseguimos pousar. Quase pirei imaginando que poderia voltar para Porto Alegre mais uma vez, ou no mínimo ir para Mendoza.
Passei no câmbio, troquei meus pesos uruguaios por argentinos e fiz muita confusão. Imagina que já sou lerdo de natureza, fazendo conta então é prejuízo na certa. Tomei um táxi até o centro, onde eu ficaria hospedado. Refiz minha reserva pela internet ainda em Porto Alegre sem recomendação ou referência alguma, mas deu tudo certo.
Buenos Aires, apesar do frio congelante, estava agradável. Os argentinos a meu ver são extremos, se não são super estúpidos, são gentis demais. Peguei um taxista chamado Juan, um senhor de uns cinquenta anos, devoto de Santo Expedito (trazia uma imagem no carro) que foi muito bacana. Me pediu que se fosse possível, o pagasse em reais. Contou que estava juntando uma grana para viajar com a família para Ubatuba em outubro. Não falava inglês mas teve muita paciência comigo e papeamos do Ezeiza até o centro.
Chegando em Buenos Aires, a primeira coisa que fiz foi tomar um banho e procurar um lugar para jantar. Tomei um taxi e por indicação do taxista acabei num lugar bem bacana, depois da 9 de Julio, lá pelo lado de San Telmo. Depois só me restou desmaiar na cama, afinal já eram quase 24 horas sem dormir e pretendia curtir um pouco a cidade antes de partir. Meu próximo destino seria Colonia, atravessando o Plata de embarcação. Depois eu posto mais fotos.