Mas precisou de um médico me alarmar com uma cirurgia de hérnia e tudo mudar. Muito medo de todos os elementos estranhos que inauguravam esse ano tão novo: exames complexos, risco cirúrgico, repouso, não pode subir escadas, repouso, não pode dirigir, filme, livros, filmes, filmes, livros e livros, cama, além da proibição de outros prazeres deliciosos.
A cirurgia foi um sucesso e a recuperação vai bem, apesar das dores que segundo o médico, são normais. Depois de 3 dias em casa, já assisti a duas temporadas de uma série americana que não saia do primeiro episódio, 5 filmes, um livro de 220 páginas e várias revistas. Sem falar no tempo para fazer planos, assistir a algumas palestras do TEDx, rascunhar coisas...
Entre os filmes, "Perfume de Mulher" foi dos mais "porrada", principalmente porque lida com um tema que sempre me intrigou: a velhice. A cena do Al Paccino dançando tango com a atriz Gabrielle Anwar é sensacional e faz pensar que pode não haver tanto problema em ficar velho, desde que se consiga dançar aquele tango.
No mais, esses dias de recuperação tem sido dias de encontro com alguém que andava meio esquecido, sumido. E nessa de recuperar sensações, eis que até o blog ganhou texto.
E entre um milhão de coisas que se sente e não se escreve, ficam para esses dias, a presença de quem é insubstituível, a doçura divinal que é ter a mãe por perto, o medo da fragilidade da vida, a solidão diante da própria presença, o ópio que é descortinar a vida através de bons filmes e bons livros, a falta que alguns prazeres nos causam.
No mais, é não voltar para o lugar médio e comum do automatismo. Enquanto isso, um brinde ao melhor da vida: viver.
"E tudo ficou tão claro( Somos quem podemo ser - Engenheiros do Hawaii)
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum"
Cena de que falei, do filme "Perfume de Mulher".
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