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terça-feira, 15 de setembro de 2009

"A vida é arte do encontro"

nascer do sol no arpoador - foto de sheila sampaio



"samba da benção - vinícius de moraes



(...)é melhor ser alegre que ser triste
alegria é a melhor coisa que existe
é assim como a luz no coração(...)



(...)a vida é arte do encontro
embora haja tanto desencontro pela vida
há sempre uma mulher à sua espera
com os olhos cheios de carinho
e as mãos cheias de perdão
ponha um pouco de amor na sua vida
como no seu samba(...)




pra ler ouvindo "samba da bênção", de vinícius de moraes, interpretada por pierre barouh (em francês). nada mais carioca.

deixei de protelar, adiar meus prazeres carnais e sobre humanos e sem pensar muito, fugi para o rio por um final de semana.

ah! como me faz bem aquele calor abafado, a maresia batendo salgadamente no rosto. o gingado, o descomprometimento com quase tudo (menos com a felicidade) do carioca. metade de mim, pelo menos, é carioca.

me recobrei do quão bom, divino, vital, é andar pela lapa, correr pela areia, comer carne de sol com aipim e manteiga de garrafa na feira de são cristóvão, comer feijão preto.

e o sotaque? música para os meus ouvidos. o rio tem as misturas que me compôem.

foi uma viagem maravilhosa. recalculei alguns valores e cheguei a conclusões vastamente prazerosas. exercitei meu apego ao que é bom de verdade, ao que é gratificante e sincero.

que a felicidade não tem preço, o comercial de cartão de crédito já disse, mas que custa tão pouco ser feliz, só fui aprender agora, na pele.

quanto custa você ser recebido por uma amiga que não vê a mais de um ano, com café quentinho, pão fresco, suco natural e uma toalha branca e felpuda sobre a cama, convidando a um bom banho?

(embora eu não tenha resistido a um cafezinho na starbucks)

um abraço de saudade renova qualquer corpo, qualquer alma. extrema troca de energia, de emoção, de força, sei lá, algo quase sobrenatural, que inclusive, não sei como consegui viver tanto tempo sem.

é muito bom rever a quem amamos. é muito bom ser abraçado por mais de cinco segundos, daqueles abraços que começam nos pés dos abraçantes, milimetricamente encaixados, passam pelo encontro do corpo colado, transcendente, e chega a cabeça, recostada no conforto de um ombro. abraçar é muito bom.

(me viciei em abraços. algumas pessoas que têm convivência diária comigo tem me estranhado. tenho abraçado muito depois que voltei do rio)

além dos efeitos dos abraços que troquei, minha viagem serviu também para que eu matasse saudade de lugares e pessoas inesquecíveis e de quebra renovasse minha admiração por alguns grandes amigos. é muito bom bem-querer e ser bem-quisto.

na sexta, da lapa fui direto ver o sol nascer no arpoador. a sensação que esperimentei foi como se nunca tivesse deixado o rio, como se esse tempo que morei fora de lá, não tivesse existido. o nascer do sol é o mesmo, a cor é a mesma, ao mesmo tempo que o momento é único, tudo é diferente.

(diferente estou eu depois dessa viagem)

jack, seani, liv e eu


liv foi minha companhia constante. tão gentil, tão solícita, tão companheira. (liv é das poucas pessoas que acredita em minhas loucuras).

reencontrei seani e jack. seani é um amigo muito querido, a quem admiro pela determinação. "amigão", é como ele me trata. no sábado, depois de um cafezinho gentilmente preparado por minha amiga jack, passamos no mundial, compramos vinho, uns petiscos e fomos pra casa da liv. foi a vez do seani ir pra cozinha, nos preparar seu prato chefe: sopa de lentilha. quando nos demos conta, já era quase dia e lá se ia a segunda garrafa de um bom chileno. quando o papo e a companhia são bons, parece que não há tempo, não há "lá fora".

como tudo que é bom... precisei voltar. deixei plantado lá, aguns sonhos, que vez ou outra pretendo voltar para regar. sei que estarão bem cuidados na minha ausência, pelos meus queridos amigos.

enquanto isso (gosto dessa colocação) vou seguindo minha vida mineira, poeticamente pacata. estou mudando de bairro, de ares, talvez de vida. parafraseando um grande amigo: "saudade aqui é mato". (e eu, carrapato)

au revoir, amis!

7 comentários:

Liv Milla disse...

Nuss...
Você é o mineiro mais carioca que eu conheço... Sotaque carioca música para os ouvidos??? Creeeeedo!!! Por isso eu gosto do Drumond, que sabe admirar aquilo que é realmente bom (não que vc não saiba, mas ôh sotaquinho chulo esse carioca...)!!!
Quanto aos elogios pela hospedagem, a porta está sempre aberta para amigos queridos como você!!! :)
Não entendi o café quentim (aqui eu num faço café...) e nem a toalha macia (eu nem uso amaciante...), nem o lençol branco (era vinho!)... mas tá valendo!!!
Sua estada aqui foi ótima!!!

E o vinho ainda está na geladeira, provavelmente com cheiro de banana! kkkkkkkkkkkkkkkkkk........

Beijo, beijo...

Poste mais e me leia mais!

eu eu mesmo e Irene disse...

Não sei ao certo , mas li este texto umas três vezes, e vivi cada sensação, assim como o ar abafado até o abraço demorado. Me sinto feliz por vc ter renovado suas energias em um lugar tão mágico, ainda desconhecido por mim. ( um dia) sentirei o calor abafado, a maresia e principalmente o descomprometimento com o que nós aflige. Abraços..
Adoro a leveza de seus textos, sempre bom ler vc. =)

Nelio Souto disse...

muito bem dona liv, me chamando de mentiroso. a toalha era branca, macia e felpuda sim, mesmo sem amaciante.

embora não admita nunca, você é uma mineira muito às avessas viu. mineira que mora em teresópolis e rio, não faz café em casa, não paga visita... tá bom!

te amo! você é uma pessoa muito especial. guarda o vinho que quando você menos esperar, "eu tô voltando".
beijo grande!

Nelio Souto disse...

aninha,
fica aí o convite. fujamos para o rio dia desses. acredito que meus amigos de lá terão o maior prazer em nos receber (que o diga liv que certamente nos lê).

valeu pela visita.

(sou a favor de que as pessoas fujam de vez em quando, para se encontrarem consigo mesmas)

beijo!

Liv Milla disse...

Não entendi o "não paga visita"... pagar o que?? *-*

E num sou mineira às avessas nada!!! Só num gosto de café e feijoada... (num sou muito de comida...) mas meu congelador é chei de pão de queijo! :p

E não é isso que me faz mais ou menos mineira... é o core!!!

Bjs

Camila Sol disse...

sinto saudade de ter pessoas comovocê por perto. mal li, mas vim aqui só ler um pouquinho do "meu diretor preferido"...

bjuh

Danielle Ferreira disse...

Como diz Fernandinha Takai: Pra ver o sol nascer não tem que pagar...
A vista de cima da Serra do Curral em nada perde para a do Arpoador...
:)