difícil falar de planos, sonhos, desejos, amores... principalmente partindo de quem está, como diz viviane (mosé) "sempre querendo, querendo"...
e de tanto querer...
...a vida continua nesse som gostoso de música, de vento, de silêncio. madrugadas vazias e muita saudade, disso tenho enchido meus dias. vez ou outra aparece um "algo a mais", que chega até a ser engraçado. um engraçado diferente. (gostosamente engraçado, como bolhas de gás de coca-cola estourando no nariz)
mas eu me apaixonar agora? só se for pelo meu próprio umbigo, que sinceramente, não é lá tão atraente.
e se eu me apaixonasse por mim mesmo? -é, já que sou tão movido à paixões (e não dou conta de tanto amor que tenho pra oferecer), talvez não fosse uma má idéia.
viveria comigo um amor romântico, intenso, poético (é como sei amar). vez ou outra trombo com quem já tenha experimentado isso em mim. é estranho alguém a quem você conheceu tão intimamente de repente se torna um estranho e evita te encarar.
sobre amor, sonhos e rotinas, me recolhi de certas investidas e parei pra reparar um pouco mais em minha existência, meus detalhes, minha consistência. lembrei de quando me apaixonei por uma casa amarela, na subida do alto da boa vista, de quando rodei o rio inteiro à procura de um prato esmaltado, só para me recordar vivamente de quando era criança e comia sentado no chão, de prato na mão. é bom se recobrar da pessoa que fui, que queria pouco, vivia pouco e sonhava muito. naquela época, uma pessoa que não esperava por ninguém. já hoje, vivo esperando.
e enquanto você não vem, eu vou te desenhando nos meus poemas, nas minhas telas, nas músicas que ouço contemplando o teto do meu quarto, em noites como a de hoje.
vem me salvar desse altruísmo.
tá tudo pronto. aprendi a declamar poema, entendo um pouco de vinho, arranho uma língua estrangeira, sou boêmio mas sou poeta, cozinho nos finais de semana, aprendi a fazer supermercado (inclusive a escolher melancia na feira), já faço de cabeça, sem olhar na receita, uma torta deliciosa que minha mãe ensinou, parei de beber até dar vexame, penduro toalha molhada no varal, não molho mais a tampa do vaso e escovo os dentes de costas pra não respingar pasta de dente no espelho.
serei bem sucedido. uma férias por ano, natal em família, amigo-oculto. me lembrarei do aniversário de todos os meus (nossos?) afilhados.
prometo que aprendo o que faltou.
não sei. de nada adianta se não tiver o tal clima, o sino. talvez fosse melhor, por hora, deixar disso, não esperar tanto,
quanto,
um canto?
vamos.
abrigo?
esqueci de dizer que agora eu também pinto e arrisco uns passos de dança. ( a vida é muito boa pra se viver enganado. gosto do amor que se faz presente, de presente)
escrevo poemas também. ontem rabisquei um sambinha pra dançar contigo. (será que evolui, cresci e estou mais maduro?)
enquanto isso vou tendo a mim por campanhia. a mim e aos meus amigos. não sei o que seria de mim sem eles, que têm me colocado um sorriso descompromissado (desses que movimentam todos os músculos do rosto).
tenho me esforçado pra não me entediar. deve ser a falta do mar, a saudade dos amigos do rio. os dias têm ficado quentes, o céu sem nem uma nuvem e eu sem saber muito bem o que fazer. quando não subo a serra (do curral), não tenho onde pousar minha contemplação. por isso belo horizonte, quando não café do palácio ou pelicano, é meu quarto, com chico tocando no celular, cortina encardida e coisas espalhadas. bagunça de cidade (e de quarto), de quarto (e de cidade), trânsito caótico (roupa suja), quarto que não é minha cara, caótica, pára! (som de apito)
vou me mudar.
(acho que) não ainda de cidade.
ao som da minha música da semana "misread", king of convenience.
curto pra caramba o som dos caras. tom e ritmos perfeitos. música pra se ouvir deitado numa grama procurando cavalo e monstros nos desenhos das nuvens. há um trecho da música que acho muito bacana, que diz:
you utilize to get somewhere
em português:
que você usa pra chegar a algum lugar
assistam ao clipe, que eu particularmente gosto muito. gosto da viagem da câmera pela cena.
vou ficado por aqui (suspiro).
9 comentários:
Tem alguém querendo se apaixonar aí????????????? :)
Olha, vou te falar! Isso tudo é muito lindo, muito belo... mas esperar as vezes cansa, aí é hora de VIVER!
Um pouco de solidão não faz mal à ninguém! (Mas só um pouco!)
Beijos e... chega logo!!!
Nelio Carente Souto, demais "el texto"!
Estranho ler esse texto e tentar perceber isso na prática. Nélio dos sonhos, dos desejos e da sabedoria, do desfrutar do pensar. Nélio de qualidades e defeitos. Guarde um tempo pro amor e acima de tudo pros amigos, pois nem todos eles são passageiros. Bom te ler. Linda música.
Amei o texto! Que lindo! Me identifiquei muito mesmo com o que tu escreveu. Estou tb numa fase assim. Vou tentar tb escovar os dentes d costas para não sujar o espelho hehehe.
abs
Ah, cada vez melhor...
valeu hélio e liv, pelos comentários tão gentis. liv, diria que não estou apaixonado, mas talvez "me apaixonando".
joão, sempre acho que poderia passar um tempinho a mais com os amigos sim. é tanta correria que às vezes a gente não se programa muito bem e tal, mas vou rever isso.
ana, obrigado. pena não ter conseguido te seguir pelo teu link. volte sempre.
marcela, que bom que pensa assim. (*rs). beijo!
É engraçado, todos nós passamos por momentos assim, fazem parte da vida, e o melhor desses momentos é q derrepente a vida da uma guinada e vc se vê em um turbilhão de momentos, sentimentos e eventualmente são ainda mais confusos do que o proprio momento de solidão...
mas tb queria comentar o vídeo, engraçado que a partir de 1:30 eles expressam uma paixão pelo Brasil interessante...
repare nos signos, o rapaz tira uma blusa azul, fica com uma amarela, chuta um bola de futebol, da uns passinhos de samba retorna p perto das anotações e tira a blusa amarela ficando com uma blusa verde, depois os amigos se reunem e jogam uma pelada...
gostei do vídeo e da musica
abraços nélio e boa sorte ^^
Perfeita prosa poetica, meu caro. (apaixonar-se é não reconhecer a si mesmo-Marcos Oliveira). E ainda maisvc citando Kings of convenience umas das minhas bandas preferidas nas horas de fossa. Abrçs belo texto como sempre....
Um belo de um poema em prosa. consegue ir do cotidiano ao fantastico, um dos meus "tipos" de textos favoritos desses que só pequnos genios escrevem...
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