Gabriel Salles, Marco Aurélio, Marco Túlio, Mara, eu, Gui Côrtes e Nat Zamboni
"Nao tenho tempo para mais nada, ser feliz me consome muito".
Clarice abre meu post de hoje.
Semana muito corrida. Resolvi escrever a lápis no bloco de notas que tenho carregado comigo para não perder o turbilhão de acontecimentos da semana, mas depois tenho que transcrever o que escrevo e não gosto. Acabo mudando muita coisa e além do mais me apego ao bloco e fico com pena de me desfazer dele depois.
Não estou com saudades da minha ociosidade e embora admita que é difícil estar em "atividade criativa", sem dúvidas prefiro o ócio (criativo) para criar (os gregos tinham razão). É bom ter milhões de coisas boas pra se fazer mas às vezes dá uma confusão infernal. Chego a me enrolar com dois compromissos quase que ao mesmo tempo e isso acaba sendo um problema, ainda mais agora que o trânsito de Belo Horizonte está cada vez pior. Acho que inclusive já está pior que o do Rio. Levo, do Nova Suíça à praça da Liberdade, praticamente o mesmo tempo que levava da Central à Barra da Tijuca (pela Linha Amarela, claro, mas mesmo assim). Pôxa, do Nova Suíça eu avisto o prédio da Raul Soares, do letreiro do Itaú com relógio digital (quando um apaga o outro acende) e levo mais de meia hora pra chegar até lá. Uma vez fui à pé. Se tivesse um caminho mais silencioso, jamais pegaria ônibus, iria sempre à pé.
Notei que a cada dia, o que escrevo fica menos invasivo. Sinceramente não sei por que estou tendo esse cuidado agora. É quase que inconsciente. É algo do tipo "estou guardando meu melhor para depois". Talvez isso seja reflexo da idade. Dentro de seis dias completo mais um ano. Hoje de manhã, quando estive no médico para pedir uns exames de rotina, quando me perguntaram a idade, eu "respondi pra dentro". Foi como se eu não soubesse minha própria idade. Gaguejei pra responder. Talvez hoje tenha sido minha primeira tomada de consciência de que o tempo passa para todos, inclusive pra mim. Me olhei por uns quinze minutos no espelho quando cheguei em casa e quase não me reconheci. O tempo começa a sulcar meu rosto que até então me apresentava com certa jovialidade. Agora vejo marcas.
Gustavo Lago do Rocknova
O evento "Cultura na calçada", bem como no ano passado, foi um sucesso. Várias bandas maravilhosas, o mesmo clima familiar onde se via avós, filhos e netos se sacudindo num ritmo compassado dos Beatles. Também como no ano passado, trabalhei muito, pelo menos quinze horas em pé, fazendo mil coisas num ritmo frenético. Mas quantas vezes me chamarem, lá estarei eu, trabalhando e me divertindo. A recompensa é poder contribuir de alguma forma para que se mantenha viva uma manisfestação popular tão bacana, afinal "A gente não quer só comida, a gente comida, diversão e arte." Depois do evento, encerramos a noite com espaguete, eu, Mari, Thiago e uma pequena aparição de Amanda à mesa, num "buteco" na Guajajaras.
É, estou namorando. E muito feliz. Mariana é uma garota adorável, uma inteligência formidável constrastada com uma pureza e singeleza que tem efeito hipnótico sobre mim. Não estava nos meus planos assumir por agora um relacionamento sério, mas não tive muito controle. Quando me dei conta já estava envolvido e apaixonado. Não quero me precipitar mas ouso dizer apenas que estou muito feliz e que Mariana me faz muito bem.
Domingo fui ao teatro, depois de assistir à surra que o Cruzeiro deu no Galo (5X0). Tive uma série de opções de lugares para assistir ao jogo, mas preferi apenas ouví-lo em casa, sentado na porta com o radinho do lado, olhando para o céu, sozinho. Domingo fez uma bela tarde.
Quase na entrada do teatro pensei em desistir e voltar pra casa depois de ver o tamanho da fila. Passou pela minha cabeça também ir pro "Conexão Vivo" ao lado, no Parque Municipal. Por motivos que pouco importam agora, acabei indo sozinho e isso me desanimou um pouco. Enquanto decidia, resolvi descer ao café para tomar um expresso e eis que encontro Eron Cordeiro. Fiz oficina com Eron na Casa da Gávea. Foi uma época saudosa em minha vida. Coleciono várias histórias bacanas que gosto de relembrar. Pois bem, tratemos então da peça. Zoológico de vidro, do norte-americano Tennessee Williams (1911-1983), narra a história de uma família abandonada pelo patriarca, onde a mãe vivida por Cássia Kiss, dedica sua vida em conseguir um pretendente para a filha, extremamente tímida e com uma anomalia em uma das pernas. Por conta disso, vive complexada e reclusa dentro de casa. O texto é poético, faz pensar, ao mesmo tempo que nos arranca risadas dos mimos exagerados da mãe para com o filho. Muitas mães da platéia riem de si mesmas ao se identificarem com Amanda Wingfield, pelos excessos de zelo comum à qualquer mãe coruja desde sempre (o texto foi escrito na década de 30).
O teatro lotou. Não sei precisar a capacidade do Grande Teatro mas arrisco pelo menos umas mil pessoas. O texto é longo, embora eu não o achasse cansativo. O espetáculo durou 2 horas com quinze minutos de intervalo. Eu particularmente não gosto de espetáculos com intervalos, ainda mais num teatro tão grande. As pessoas se dispersam e perdem o envolvimento com a encenação, e ainda por cima demoram a retornar a seus lugares e atrasam tudo. Na minha opinião o teatro deveria ser mais intolerante e não permitir que ninguém entrasse na sala depois do segundo sinal.
Antes de ir pra casa, de faminto que estava, fui até o La Greppia jantar.
Me fartei no rodízio de massas e voltei pra casa renovado ( e saciado). Depois de um banho, caí na cama e peguei no sono ao som de Beethoven. Sonhei como a muito tempo não sonhava. O teatro me lava a alma. A cada espetáculo, mudo, ou melhor, evoluo. O teatro me faz docemente feliz. Provoca em mim sensações que vão das mais bobas às mais intensas em frações de segundo. É mais fácil sentir do que explicar.
Não entendo como consigo ficar por tanto tempo privado de sensações tão intensas. Até então só a emoção de assistir à um gol do meu time na torcida, além de uma outra que prefiro não comentar, se compara à sensação que tenho quando estou no teatro. Acho que quando tiver um filho, o parto será mais uma grande emoção que entrará para minha catalogação das maiores emoções do mundo, segundo minhas experiências de vida.
Estou tentando interpretar a frase que li no blog da Leandra "O mineiro só é solidário no câncer". Não sei o que pensar sobre, ou não sei se a interpretação mais óbvia é a de fato a intencionada. Se alguém souber...
Falando em Leandra, ela está ensaiando "O Vestido de noiva". Espero que venha pra cá, pra Belo Horizonte. É horrível ter que ficar me lamentando por não morar mais no Rio, como se tudo que eu gostasse de fazer ou quisesse ver, estivesse lá (e quase tudo tá). Saudades do São Januário. Sonhei que tinha ganhado uma camisa do Vasco, de aniversário. Bom seria...
Já contei que serei padrinho de casamento da Viviane? Pois então, serei. Eu e Mariana. Devo voltar com as atividades Bandeirantes depois do casamento, que será em Jacuri.
Acho que por hoje chega.
Ouvindo (e indicando) Mercedes Sosa, álbum "Misa Criolla", premiado com o Grammy Latino na categoria de "Melhor Álbum Folclórico", ano de 1999, da Universal Music.
Um comentário:
E eu só precisava de um colo amigo...
Postar um comentário